Uma dose de sinceridade

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Ela é de gêmeos e tem um jeito adolescente que faz qualquer um enlouquecer. Tem corpo de 23, 20 na idade e 16 na cabeça, é uma criança brincando de ser gente grande. Por vezes para e olha ao seu redor, sem saber bem como chegou ali e o que deveria estar fazendo. Se preocupa com coisas que estão aquém da sua alçada, casais que deveriam estar juntos, com o mocinho do filme que foi injustiçado com o massacre dos ursos panda na China. Tem um amor incondicional por animais, principalmente se forem filhotes, sua queda por filhotes é do tamanho do Everest. Ela necessita de uma atenção especial por ser especial, sempre tenta ver as coisas com o seu lado racional, mas por vezes seu coração se sobrepõe, seu coração insiste em se meter onde não é chamado.

Odeia ficar sozinha, precisa estar em movimento, precisa estar acompanhada, seja por amigas, seja pela família, seja por um namorado. Quando ela fica sozinha ela pensa e quando ela pensa, ela se perde. Todas os seus dilemas vêm a cabeça, todos os problemas, todos os casos insolucionáveis de paixões mal resolvidas. Ela é possessiva e nem tentar fingir que não é, ela sente o cheiro de problema a quilômetros, não é uma pessoa que cria inamizades, mas não gosta muito de ex namoradas, ficantes e afins, ela não gosta muito de amigas em volta e curtidas no Instagram também, em resumo: ela não gosta muito dessa coisa de dividir atenção, deseja cada parte da atenção para ela.

Ela é inesperada, é submissa ao mesmo tempo que domina, ela manda e é mandada, ela não decide que papel empenha numa relação, por vezes é a dama em perigo, por vezes é a destemida Amazona que vai em busca do seu homem indefeso. Ela brinca e é séria, ela está sorrindo e dali dez minutos está chorando, não sabe expor suas mágoas, elas as guarda e processa internamente, busca entender o porquê das ações de todos ao seu redor e sempre chega à conclusão de que ela deve ser o problema, mas ela costuma ser solução.

Ela beija profundo, usa o seu coração em cada segundo do ato, ela é intensa e daqui a pouco volta a ser leve, ela te cativa nessas alternâncias, beija com força e depois só desliza os lábios pelos seus, só pra deixar aquele gostinho de quero mais, ela gosta que venham atrás dela, gosta de se sentir valorizada, não foi feita para correr atrás, foi feita para ser o motivo da disputa.

Ela ̩ de g̻meos, mas se veste para festa quando vai jantar, ̩ porque ela nunca sabe os rumos que a noite vai tomar. Ela decide em cima da hora, faz planos, ela ̩ uma constante reviravolta. Ela ̩ comunicativa e parece se encaixar bem em qualquer ambiente, faz amigos como eu fa̤o textos Рeu ṇo paro de escrever Рvive aceitando novas solicita̵̤es de amizade no Facebook e rejeitando gente estranha no Instagram. Ela atrai ao mesmo tempo que distrai, te faz esquecer do mundo porque ela passa a ser o teu.

Ela é de gêmeos, duas em uma. Sempre.

Autor: Bruno Amador

A vida não pode ser banal!

23:56

Desde muito pequena minha mãe me ensinou que pegar algo que não nos pertence é feio. Que querer algo que ela não pudesse comprar era normal, e foi assim que desde pequena me acostumei a ouvir não.
Hoje aos 22 anos, e algumas histórias no currículo, acordo todos os dias de manhã, mesmo se o sol não está batendo na janela, tô ali de pé, rosto limpo e disposta a encarar os desafios de um novo dia. Eu não quero nada do que não é meu, e o que ainda não é, pretendo conquistar, mas por mérito, não jogando baixo, não por força bruta.
Sabemos que não é fácil, que passamos por dificuldade, lutamos, mas levamos nossa vida a sério. Ela é uma só, ela não pode ser banal, ela não deve ser destruída por um marginal. É grande demais pra virar estatística, um número, mais uma vítima de roubo seguido de morte.
Esse fim de semana fui impactada por uma notícia dessas que "vemos aos montes" nos jornais todos os dias. Mas foi bem do meu lado, e meu coração apertou.
Um pai de família, trabalhador, esforçado, desse típico brasileiro que gosta de cerveja, churrasco e família reunida, sai de casa e não volta. Não volta porque alguém em algum lugar toma o que não é seu, como um carro, toma uma vida. E mais pedacinhos de várias outras.
Vivemos em um país violento, corrupto, com tudo que e básico defasado. Onde o ponto de ônibus é perigoso, onde bens materiais se esvaem pelos dedos, e gatilhos tiram vidas na mesma velocidade que enviamos uma mensagem.
Sabemos disso, sabemos que é recorrente, que não podemos reagir, que a morte é a única certeza que temos nessa coisa maluca que chamamos de vida.
Mas se tem uma coisa que NUNCA vou me conformar é com quem brinca de Deus e tira a vida do seu semelhante.
Pra mim, o crime jamais terá justificativa, e por favor, não me venha com histórias tristes de quem vive a margem da sociedade, e usa o crime como estratégia de sobrevivência. Não me venha com "coitadismos" ou com "eles não podem ser culpabilizados", e hoje eu também não quero saber de direitos humanos.
Pelo simples fato de que um dia minha mãe me disse, "o que não é seu, você não pode pegar. A vida não é fácil pra ninguém, acostume-se com o não".
Consciência e coração bom, não estão em vitrine nenhuma para vender.