Crônicas de Metrô - Um cheiroso pra chamar meu
15:46
São os dois
minutos e meio mais lentos de toda a vida, e é só tempo de trocar de estação.
Contido neles, sempre há uma história
intensa pra contar, cômica ou trágica todos ou quase todos os dias exatamente
ás oito da manhã estamos lá, parados em nossos respectivos lugares de todos os
dias, preocupados com horário de entrada e de saída, uns com cara de ontem,
outros com cara de hoje, mas a maioria tem cara de sono.
Do
Tucuruvi á Luz, e de lá até a Faria Lima, encontros, desencontros, risadas e
muitos chorumelas, afinal não sabe o gosto da 'paulistanidade' se não tiver uma
boa história de metrô pra ser contada.
Em uma manhã emburrada sentei ao lado de
duas mulheres, uma com cara de ontem e a outra com cara de hoje querendo
conversar, foi sem ponto, sem vírgula, sem nenhum tipo de pausa que a moça
começou a narrar sua pseudo história amorosa de metrô, no metrô . . .
Não sou muito de reparar, sabe? E pra
dizer bem a verdade, essa história de andar por aí olhando para os lados e
procurando alguma coisa que me excite ou me complete não é muito de mim. Pra
dizer bem a verdade, não agora, mas já foi.” É o que resmungava, a passageira linda e loira, mas magra e muito
atrapalhada.
Já fui de escolher lugar ao lado de homem
cheiroso acredita?, Uma vez, escrevi até o número do celular e deixei com que o
papelzinho fosse delicadamente atirado nas pernas do rapaz, pernas aquelas
que segundo a minha imaginação eram bem torneadas. Além de belas pernas,
o moço bonito que estava sentado do meu lado usava um ONE MILLION. Tão
cheiroso, eu nunca senti igual, era o melhor perfume do mundo com um toque
feroz de masculinidade. Mas ele não deu muita bola para o papel, só dobrou,
sorriu e me devolveu, mas eu não desisti, não mesmo! Mas também não estava
desesperada, só não gosto de perder oportunidades.
Fui para o trabalho torcendo para encontrá-lo
novamente na manhã do dia seguinte, e assim aconteceu. Aquela estação da linha
azul estava mais lotada que todos os dias, era um empurra-empurra , ás 8h da
manhã, uma quarta-feira quente de fevereiro, bem aquela que vem depois da
semana do feriado de carnaval, quando a vida começa, e a minha amorosa tinha
que começar ali! E de preferência como o cheiroso e pernudinho do ONE
MILION. No empurra-empurra de mulheres e homens na estação, avistei um cabelo penteado pra
direita preto e brilhante, um palito no ombro esquerdo e uma gravata lilás, e lilás
naquela altura do campeonato já era quase roxo e com certeza, era a minha cor
favorita, precisava chegar até ele. Com um jeitinho muito peculiar fui
esbarrando e pedindo desculpas de uma maneira sutil, e quando eu estava
chegando perto, sinto uma pisada no calcanhar direito, aquela pisada que leva
sua sapatilha comprada no domingo anterior para algum lugar no chão que você
desconhece. Quando dei por mim, já estava descabelada, mais dentro impossível
na multidão , sem sapatilha e segurando a mão direita de uma morena que estava
ao lado, e com uma aliança idêntica a dele.
Peculiaridades
a parte, eu ainda não desisti de encontrar um amor de verdade no metrô,
mas estou bem cansada de me apaixonar semanalmente por lá.
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